CLVII (beatitudinem)



A felicidade segura não existe.
A felicidade segura é segura, sim – mas não é felicidade.
A felicidade pacífica é pacífica, sim – mas não é felicidade.
A felicidade, quando é felicidade, assolapa, euforiza, arrebata. E não deixa respirar, e não deixa sequer pensar.
A felicidade, quando é felicidade, é só felicidade. E tudo o que existe, quando existe felicidade, é a felicidade. Só ela e tu. Ela em ti. Ela em todo o tu.
A felicidade, para ser felicidade, não tem estratos, não tem razão. Ou é ou não é.
A felicidade é animal, de facto – mas é ainda mais demencial. Deixa-te louco de felicidade, maluco de alegria, passado dos cornos.
 

Só quando estás dentro da felicidade é que estás fora de ti. Liberto do corpo, da matéria, da sensação – e imerso naquela indizível comunhão. 

Tu e a felicidade. 





in "Eu Sou Deus" de Pedro Chagas Freitas


Já a sentiste, não?

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