#20



"- De Caus sabia muito bem que se se pegar num recipiente, o enchermos de água e fecharmos por cima, mesmo que depois de abra um furo no fundo, a água não sai. Mas se se abrir também um furo por cima, a água cai para o chão.
 - Não é óbvio? - perguntei.
   No segundo caso entra ar por cima e empurra a água para baixo.
- Típica explicação de cientista, em que se confunde a causa com o efeito, ou vice-versa. Não deve perguntar-se porque razão a água sai no segundo caso. Deve interrogar-se do porquê se recusa a sair do primeiro.
- E recusa-se porquê? - perguntou ansioso Garamond
- Porque se saísse permaneceria o vácuo no recipiente, e a natureza tem horror ao vácuo."

[O Pêndulo de Foucault - Umberto Eco]




 Salomón de Caus (1576 – 1626), arquitecto, engenheiro e físico francês construtor do Hortus Palatinus em Heidelberg, Alemanha, obra-mestra da engenharia hidráulica. Neste jardim havia uma gruta com um maravilhoso conjunto de pedras que faziam com que as águas descessem por elas, além das fontes octogonais, figuras estreladas, grotescas, estátuas mitológicas, jardim circular de flores, grutas, contas e pontas de coral, além do labirinto, entre outros elementos de simbologia alquímica. Foram elementos muito utilizados por Caus neste jardim, cujas fontes e grutas transportavam o visitante a outra realidade.

Sem comentários: